18/09/2010

FERNANDO PESSOA – Heterónimos

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Não sei quem sou, que alma tenho.

Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.

Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros).

(…)

Fernando Pessoa, Páginas de Autognose, 1915

ALBERTO CAEIRO
Mestre do ortónimo e dos heterónimos

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Vê a realidade de forma objectiva e natural.

Aceita a realidade tal como é, de forma tranquila; vê um mundo sem necessidade de explicações, sem princípio nem fim; existir é um facto maravilhoso.

Recusa o pensamento metafísico (“pensar é estar doente dos olhos”), o misticismo e o sentimentalismo social e individual.

Poeta da Natureza.

Personifica o sonho da reconciliação do Universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza.

Simples “guardador de rebanhos”.

Inexistência de tempo (unificação do tempo).

Poeta sensacionista (sensações): especial importância do acto de ver.

Inocência e constante novidade das coisas.

Elimina a dor de pensar.

Linguagem e estilo:

Discurso em verso livre, em estilo coloquial e espontâneo.

Pouca subordinação e pronominalização.

Ausência de preocupações estilísticas.

Vocabulário simples e familiar, em frases predominantemente coordenadas, repetições de expressões longas, uso de paralelismo de construção, de simetrias, de comparações simples.

Número reduzido de vocábulos e de classes de palavras: pouca adjectivação.

Predomínio de substantivos concretos, uso de verbos no presente do indicativo ou no gerúndio.

Ricardo Reis

Faz dos gregos o modelo de sabedoria (visível na aceitação do destino).

Opõe a moral pagã à cristã, uma vez que considera a primeira uma moral de orientação e de disciplina, enquanto a segunda se impõe como a moral da renúncia e do desapego.

Segue as filosofias do epicurismo, do estoicismo e do carpe diem.

Considera que a sabedoria consiste em gozar a vida moderadamente e através do exercício da razão.

Recusa as grandes emoções e as paixões por considerá-las confinadoras da liberdade.

É um moralista.

Tem consciência da dor provocada pela natureza transitória/efémera do homem.

Receia a velhice e a morte.

Linguagem e estilo

É clássico ao nível do estilo.

Utiliza a ode e o versilibrismo.

Usa hipérbatos, latinismos, metáforas, comparações,

Prefere o presente, o gerúndio e o imperativo.

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Álvaro de Campos

Fases poéticas

1ª Fase: Decadentista

Traduz-se por sentimentos de tédio, enfado, náusea, cansaço, abatimento e necessidade de novas sensações.

É o reflexo da falta de um sentido para a vida e a necessidade de fuga à monotonia.

Um dos poemas mais exemplificativos desta fase é o poema Opiário.

2ª Fase: Futurista e sensacionista

Assenta numa poesia repleta de vitalidade, manifestando a predilecção pelo belo feroz que virá a contrariar a concepção aristotélica de belo.

Um dos poemas mais exemplificativos é Ode Triunfal

3ª Fase: Intimista

Incapacidade de realização, trazendo de volta o abatimento. O poeta vive rodeado pelo sono e pelo cansaço, revelando desilusão, revolta, inadaptação, devido à incapacidade das realizações.

Um dos poemas mais exemplificativos é Esta velha angústia.

Características

Predomínio da emoção espontânea e torrencial.

O elogio da civilização industrial, moderna, da velocidade e das máquinas, da energia e da força, do progresso.

Um poeta virado para o exterior, que tenta banir o vício de pensar e acolhe todas as sensações.

A ansiedade e a confusão emocional – angústia existencial.

O tédio, a náusea, o desencontro com os outros.

A presença terrível e labiríntica do “eu” de que o poeta se tenta libertar.

A fragmentação do “eu”, a perda de identidade.

O sentido do absurdo.

A excitação da procura, da busca incessante.

Linguagem e estilo

Verso livre e longo.

Exclamações, interjeições, enumerações caóticas, anáforas, aliterações, onomatopeias.

Desordem de ritmos, violência de metáforas – desespero por não poder meter as sensações nas palavras.

Fernando Pessoa é o poeta dos heterónimos; o poeta que se desmultiplica ou despersonaliza na figura de inúmeros heterónimos e semi-heterónimos, dando forma por esta via à amplitude e à complexidade dos seus pensamentos, conhecimentos e percepções da vida e do mundo; ao dar vida às múltiplas vozes que comporta dentro de si, o poeta pode percepcionar e expressar as diferentes formas do universo, das coisas e do homem. (…)

In Universidade Fernando Pessoa

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Fernando Pessoa é o poeta dos heterónimos e

(…) Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até flor, eu sinto-me vários seres. (…)

e do mundo; ao da…espelhos fantásticos qu

Fernando Pessoa, Páginas de Autognose, 1915

• e torcem

A busca incessante do “eu” foi, igualmente, uma das características de outro grande poeta da geração de Orpheu

Comente o seguinte poema de Mário de Sá-Carneiro, musicado por Adriana Calcanhoto

Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
   Pilar da ponte de tédio
   Que vai de mim para o Outro
.

O Outro,

O 1914

O Outro Mário de Sá-Carneiro, 1914

• O Outro, Mário, 1914O Outro, Mário de, 1914

Neste brevíssimo poema, musicado por Adriana Neste brevíssimo poema, musicado por Adriana o poeta conseguiu condensar a sua angústia: "de ser nem um nem outro, mas algo que fica entre os dois",

    Composto por uma única quadra caracterizada por irregularidade métrica, esta quadra representa um reflexo do estado psíquico do poeta, a sua insatisfação ("pilar da ponte de tédio") por não conseguir” real ("sou qualquer coisa de intermédio ") encontramos um eu representa um reflexo do estado psíquico do poeta, a sua insatisfação ("pilar da ponte de tédio") por não conseguir estabelecer o seu “eu” real ("sou qualquer coisa de intermédio ") ultrapassar.

Ficha de Verificação de Leitura da obra: SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES do Padre António Vieira

1. O Sermão de Santo António aos Peixes foi pregado pelo            ________________________________, no ______________, a ______________________de ____________.

 

2. O Sermão começa por um __________________________  escrito em ___________.

 

3. Vieira dirige-se aos _______________________________, o sal são____________________ e a terra ___________________.

 

4. A palavra de Deus não está a fazer fruto. Os culpados tanto podem ser os _________________ como os ___________________.

 

5. Se o mal está do lado dos pregadores; Cristo apresenta a solução: ____________________________

________________________________________.

 

6. Se o mal está do lado dos ouvintes, o melhor é fazer como _____________________ e começar a pregar aos ________________.

 

7. O Pregador termina a primeira parte do Sermão, a que é dado o nome de ________________, invocando _______________________.

 

8. A partir do capítulo II, todo o texto é uma alegoria porque __________________________________

_______________________________________.

 

9. Os peixes, como ouvintes, apresentam duas qualidades: ______________ e _____________, no entanto, ______________________, o que entristece um pouco o Pregador.

 

10. Se tal como os homens também há peixes ______________ e peixes _____________, há que ___________ e ______________.

 

11. De entre todos os animais, os peixes são aqueles que não se _____________ nem ______________.

 

12. Os animais que vivem junto do homem estão _______________ e tornam-se __________________.

 

13. Santo António também deixou Lisboa e foi para ____________ e dali para ______________.

 

14. O primeiro peixe a ser louvado é ______________________ pois o seu ___________ era bom para ___________________________ e o coração ______________________________________. Este é comparado com _______________________ porque ___________________________________.

 

15. O segundo peixe é a _____________ que tem como virtude _______________________________.

 

16. O poder deste é comparado à _______________ de Santo António.

 

17. O terceiro peixe é o ______________ que possui _____________________ que faz ____________ o pescador.

 

18. Vieira desejava que existissem na terra para _____________________________________________

______________________________.

 

19. O último peixe a ser louvado é o ____________________ porque, na realidade, _________________ uns virados para __________ e outros para __________. Assim, pode estar atento aos perigos que vêm do __________ e do ___________.

 

 

20. Vieira lamenta tanta abundância daquele instrumento nos peixes e tanta ________________ nos homens.

 

21. Este peixe ensinou ao Pregador que só devemos olhar __________________ e _______________ porque se olharmos para os lados só vemos ___________________.

 

22. No capítulo IV vai falar das repreensões. A primeira grande repreensão que lhes tem a fazer é o facto de ________________________________________, sobretudo __________________________, a isso chama-se __________________.

 

23. Infelizmente, não são só os ____________ que se ____________, os _____________ também o fazem e de uma maneira cruel.

 

24. Outra repreensão geral é a _______________ e _______________ que os conduz por vezes à morte.

 

25. Estas também existem ___________________.

 

26. Há quem se endivide uma vida inteira por _____________________________________.

 

27. Descendo ao particular, o primeiro peixe é o _______________ cuja ________________ contrasta com _______________________________.

 

28. Também na terra há muitos assim, e dá o exemplo de _____________ e ____________.

 

29. São dois os motivos pelos quais os homens se tornam Roncadores, o __________ e o __________. Como exemplo, do primeiro temos ___________ e do segundo ___________. Só Santo António possuía o __________ e o ___________ e com o seu silêncio disse tudo.

 

30. Os Pegadores são uns autênticos _______________ pois vivem à custa dos outros.

 

31. Esse mal também se encontra nos homens pois os grandes _______________ que vão de _____________ para o ____________ levam sempre __________________ consigo.

 

32. É preciso ter muito cuidado pois quando morre _________________, morrem com ele _____________________________________.

 

33. O penúltimo peixe é o Voador, criticado pela sua ______________ que advém do facto de _____________. Assim, fica sujeito aos perigos do _____________ e do ___________.

 

34. O último a ser alvo de uma profunda crítica é o ____________, considerado __________________ porque _________________________________.

 

35. Este é comparado a ___________ mas a sua maldade é maior porque ___________ e ___________ ao mesmo tempo.

 

36. O lado oposto deste «peixe aleivoso» é ____________________ pela sua ____________________.

 

37. Vieira faz uma advertência final para que _____________________________________________.

 

38. Comparados com os homens, os peixes são __________________________.

 

39. O próprio Pregador sente-se ______________ porque ____________________________________.

 

40. Termina o Sermão, pedindo aos peixes para  _________________ a Deus.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CORRECÇÃO DA FICHA DE VERIFICAÇÃO DE LEITURA DA OBRA:

SERMÃO DE STO. ANTÓNIO AOS PEIXES

 

1. O Sermão de Santo António aos Peixes foi pregado pelo Padre António Vieira, no Maranhão, a 13 de Junho  de 1654.

 

2. O Sermão começa por um  Conceito Predicável  escrito em Latim.

 

3. Vieira dirige-se aos moradores do Maranhão, o sal são os pregadores e a terra ouvintes.

 

4. A palavra de Deus não está a fazer fruto. Os culpados tanto podem ser os Pregadores como os ouvintes .

 

5. Se o mal está do lado dos pregadores; Cristo apresenta a solução: «lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado de todos» .

 

6. Se o mal está do lado dos ouvintes, o melhor é fazer como Santo António e começar a pregar aos peixes.

 

7. O Pregador termina a primeira parte do Sermão, a que é dado o nome de Exórdio, invocando Nossa Senhora.

 

8. A partir do capítulo II, todo o texto é uma alegoria porque Vieira dirige-se aos peixes querendo atingir os homens.

 

9. Os peixes, como ouvintes, apresentam duas qualidades: ouvem e não falam, no entanto, não se convertem, o que entristece um pouco o Pregador.

 

10. Se tal como os homens também há peixes bons e peixes maus, há que louvar e repreender.

 

11. De entre todos os animais, os peixes são aqueles que não se domam nem domesticam.

 

12. Os animais que vivem junto do homem estão aprisionados e tornam-se parecidos com eles.

 

13. Santo António também deixou Lisboa e foi para Coimbra e dali para um ermo.

 

14. O primeiro peixe a ser louvado é o peixe de Tobias pois o seu fel era bom para sarar a cegueira e o coração para afastar os maus espíritos. Este é comparado com Santo António porque cura a cegueira dos homens.

 

15. O segundo peixe é a Rémora que tem como virtude a força para parar um navio.

 

16. O poder deste é comparado à boca de Santo António.

 

17. O terceiro peixe é o Torpedo que possui um aparelho que faz tremer o pescador.

 

18. Vieira desejava que existissem na terra para fazer tremer aqueles que pescam tudo.

 

19. O último peixe a ser louvado é o Quatro-Olhos porque, na realidade, quatro olhos uns virados para cima e outros para baixo. Assim, pode estar atento aos perigos que vêm do céu e do mar.

 

20. Vieira lamenta tanta abundância daquele instrumento nos peixes e tanta carência nos homens.

 

21. Este peixe ensinou ao Pregador que só devemos olhar para o céu e para o inferno porque se olharmos para os lados só vemos vaidades.

 

22. No capítulo IV vai falar das repreensões. A primeira grande repreensão que lhes tem a fazer é o facto de se comerem uns aos outros, sobretudo os maiores comerem os mais pequenos, a isso chama-se ictiofagia.

 

23. Infelizmente, não são só os peixes que se comem, os homens também o fazem e de uma maneira cruel.

 

24. Outra repreensão geral é a cegueira e a ignorância que os conduz por vezes à morte.

 

25. Estas também existem nos homens.

 

26. Há quem se endivide uma vida inteira por um simples pedaço de pano.

 

27. Descendo ao particular, o primeiro peixe é o Roncador cuja potente voz contrasta com o seu pequeno tamanho.

 

28. Também na terra há muitos assim, e dá o exemplo de Pedro e Golias.

 

29. São dois os motivos pelos quais os homens se tornam Roncadores, o saber e o poder. Como exemplo, do primeiro temos Caifás e do segundo Pilatos. Só Santo António possuía o poder e o saber e com o seu silêncio disse tudo.

 

30. Os Pegadores são uns autênticos parasitas pois vivem à custa dos outros.

 

31. Esse mal também se encontra nos homens pois os grandes governantes que vão de Portugal para o Brasil levam sempre os Pegadores consigo.

 

32. É preciso ter muito cuidado pois quando morre o Pegador, morrem com ele os que lhe estavam pegados.

 

33. O penúltimo peixe é o Voador, criticado pela sua vaidade que advém do facto de possuir umas barbatanas grandes. Assim, fica sujeito aos perigos do mar e do céu.

 

34. O último a ser alvo de uma profunda crítica é o Polvo, considerado o maior traidor porque se disfarça e ataca os outros.

 

35. Este é comparado a Judas mas a sua maldade é maior porque aperta e prende ao mesmo tempo.

 

36. O lado oposto deste «peixe aleivoso» é Santo António pela sua candura e pureza.

 

37. Vieira faz uma advertência final para que não se apeguem a bens alheios.

 

38. Comparados com os homens, os peixes são piores que estes.

 

39. O próprio Pregador sente-se inferior porque fala, vê, …. E com isso ofende Deus.

 

40. Termina o Sermão, pedindo aos peixes para louvarem a Deus.  

DISCURSO ARGUMENTATIVO

Retrospectiva histórica:

 

Na Grécia ensinavam-se 3 técnicas / artes da linguística:

Ø  Oratória: arte do discurso perante um público (para além de planeado, o discurso deverá ser bem emitido);

Ø  Retórica: técnica / arte de convencer o interlocutor através da Oratória (o discurso é principalmente verbal, mas também pode ser escrito ou visual). A Retórica não visa distinguir o que é verdadeiro ou certo, mas fazer com que o receptor da mensagem chegue sozinho à conclusão de que a ideia implícita no discurso representa o verdadeiro ou o certo;

Ø  Dialéctica: explicação da realidade que se baseia em oposições e em choques entre situações diversas ou opostas. Os elementos do esquema básico do método dialéctico são: a tese (afirmação ou situação inicialmente dada), a antítese (oposição à tese) e a síntese (o resultado do conflito anterior).

 

 

A Retórica antiga defendia os seguintes objectivos programáticos da eloquência (ainda hoje presentes nos textos argumentativos actuais):

  1. docere – componente instrutiva, de natureza intelectual e racional;
  2. delectare – componente estética (deleitar o destinatário com a beleza do discurso);
  3. movere – componente emotiva, capaz de despertar emoções no destinatário que o levavam a aderir às teses defendidas e a agir em conformidade.

 

 

A Retórica antiga distinguia cinco fases na Produção de um texto argumentativo:

1. Invenção (inventio) – investigar e recolher os materiais a utilizar;

2. Disposição (dispositio) – disposição dos materiais na ordem a utilizar no discurso;

3. Elocução (elocutio) – redacção do texto (selecção de palavras, figuras, tipos de frase, etc.);

4. Memória (memoria) – memorização do discurso;

5. Acção / Pronunciação (actio / pronunciatio) – trabalho a nível da voz (boa dicção, domínio da respiração e modulações de voz adequadas às diferentes passagens) e do gesto (postura física expressiva e digna e atenção à expressão facial e das mãos).

 

 

Argumentar – acto de convencer, persuadir ou influenciar o leitor / ouvinte, mediante a apresentação de factos e argumentos, organizados através de um raciocínio coerente e consistente, que provem que o emissor é detentor da razão / verdade.

 

Texto Argumentativo – texto que defende uma tese, com o objectivo de convencer o destinatário da validade ou fundamento da posição defendida, persuadindo-o a adoptá-la como sua.

 

Textos que integram sequências argumentativas:

Ensaios, editoriais, panfletos, protestos, etc.

 

Para atingir o seu objectivo (transformar convicções, interferir nas crenças do destinatário), o texto argumentativo deve:

Ø  Demonstrar – ser claro e lógico na defesa de uma tese;

Ø  Interagir com o mundo do destinatário (a nível dos valores e afectos);

Ø  Seduzir o destinatário (beleza formal do discurso).

 

 

ESTRUTURA do Discurso Argumentativo:

  1. Exposição ou Exórdio: contém a introdução do discurso. Divide-se em duas partes:

Ø  Proposição – enunciado do tema ou assunto;

Ø  Divisão – enumeração das partes que totalizam o discurso.

 

  1. Corpo da Argumentação – desenvolvimento do tema apresentado. Divide-se em:

Ø  Narração – exposição dos factos favoráveis à causa apresentada na Proposição;

Ø  Confirmação e Refutação – partes propriamente argumentativas do discurso, em que se apresenta a prova e se refutam os argumentos contrários.

 

  1. Peroração – fecho dos discurso. Divide-se em:

Ø  Recapitulação – resumo breve dos melhores argumentos;

Ø  Amplificação – apelo às paixões e emoções de forma a comover e a ganhar o auditório.

 

Principais características do Discurso Argumentativo:

Ø  Ser claro;

Ø  Ser curto;

Ø  Ser bem encadeado / utilizar conectores adequados;

Ø  Ser homogéneo;

Ø  Ter um conjunto de bons argumentos;

Ø  Repetir argumentos - chave.

 

 

CONCEITOS E INSTRUMENTOS

 

Tema: assunto debatido, definido por uma noção (ex.: A liberdade); ou por uma questão (ex.: O que é a liberdade).

 

Tese:  opinião defendida acerca do tema e que se opõe a outras teses possíveis (ex.: A liberdade de se fazer o que se quer vs A liberdade deve parar onde começa a dos outros).

 

Argumento: prova usada para defender uma tese (no caso do contra-argumento, tenta-se invalidar a tese).

 

Exemplo: caso concreto que ilustra o argumento.

 

 

(NOTA: Uma tese é demonstrada de forma abstracta pelo argumento e demonstrada de forma concreta pelo exemplo).

 

 

TIPOS DE RACIOCÍNIO

Ø  Raciocínio Dedutivo – cada argumento decorre dos anteriores (vai-se do geral para o particular);

Ø  R. Indutivo – parte de exemplos particulares para chegar a uma lei geral;

Ø  R. Concessivo – concede uma parte da verdade à tese contrária, para defender, de seguida e com mais força, a sua tese;

(NOTA: A concessão apoia-se em conectores: “certamente”, “sem dúvida”, “se é verdade que”, “embora”… e encerra com um conector de oposição: “mas”, “no entanto”, “contudo”).

Ø  R. por Analogia – aproxima-se o tema tratado de uma realidade simples e indiscutível.

 

 

TIPOS DE ARGUMENTO

Ø  Naturais ou de Autoridade: incluem os textos das leis e as opiniões emitidas por pessoas de prestígio e entendidas na matéria;

Ø  Verdades ou Princípios Universais: aceitação generalizada de um facto ou opinião;

Ø  Experiência pessoal;

Ø  Semelhança: apresentação de uma situação semelhante àquela que se está a apresentar.

 

 

MODALIZADORES

1) Estratégias de Modalização – conjunto de processos com os quais o enunciador

matiza, atenua ou afirma a sua posição:

Ø  Aparentar objectividade – uso de termos precisos ou técnicos para imprimir confiança e ser credível;

Ø  Divertir – o discurso deve divertir, recorrendo à ironia, à sátira ou à paródia, para ridicularizar os adversários;

Ø  Comover – espaço para a expressão dos sentimentos, regressando, porém, a um discurso de tipo objectivo e neutro.

2) Ironia – permite fazer compreender uma coisa diferente do que é dito, com o objectivo de ridicularizar a tese contrária.

 

 

O Orador pode usar várias Figuras de Retórica como técnica de persuasão:

Ø  Interrogação retórica;

Ø  Paralelismo;

Ø  Hipérbole;

Ø  Metáfora;

Ø  Comparação.

16/09/2010

Recordações de Infância - Eugénio de Andrade

Recordações de Infância


   Há poucos brinquedos na minha vida, mas, além do arco, do pião e da bilharda, a minha infância está cheia de sol, cheia de água. E do calor quase materno dos animais. Meu avô comprara-me uma  cabra e três ou quatro merinos. E nós já tínhamos um burro e um cão, além das galinhas e do pato. Eu adorava aqueles borreguinhos com olhos de rola, e, depois, a imaginação das crianças é muito vasta: o pequeno engenho feito de juncos por um primo meu facilmente se convertia em azenha. Um rego de água era o mais irreal e navegável dos rios, os bichos feitos de bugalhos e gravetos ganhavam vida por encanto. Chapinhar numa poça de água ou transformar uma cabra em cavalo persa, se isso não é a felicidade, então a felicidade não existe. Os cavalos, sim, foram uma paixão minha, mas só um pouco mais tarde, dos sete para os oito anos, já em Castelo Branco, quando comecei a ver o Tom Mix no cinema Vaz Preto. E foi ainda naquela cidade que tive isso a que talvez se possa chamar o primeiro brinquedo - uma trotineta.
   Ninguém se lembra já de me ver passar pelas ruas belo como um anjo de proa. Mas com ela fui assim uma espécie de Fernão de Magalhães dando a volta ao mundo: descia do Castelo e só parava no Jardim do Paço, depois regressava a casa a horas do pão com compota de ginga e o sorriso da mãe - tão merecidos.

Eugénio de Andrade, Um Olhar Português, Círculo de Leitores

I

1. Com um traço, delimita no texto os momentos correspondentes a:

a) recordações de infância vivida no campo;
b) recordações da infância vivida na cidade.

2. Infância no campo


2.1. Identifica os diferentes elementos que faziam parte do mundo real que o autor recorda.

2.2. Explica como é que a fantasia enriquecia esse mundo real.

3. Infância na cidade


3.1. O real e a fantasia continuavam a entrecruzar-se nos anos de infância vivida em Castelo Branco? Justifica a tua resposta.
3.2. A mudança ensombrou a felicidade dos anos de infância? Justifica a tua resposta.

4. Eugénio de Andrade é um dos grandes poetas da nossa literatura. Regista neste texto de memórias duas expressões ( ou frases) que revelem a sua faceta poética.



02/09/2010

O Texto Dramático

Classes de Palavras - Jogo em PowerPoint

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Classe dos determinantes - Jogo em PowerPoint

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Principais Temáticas de Alberto Caeiro

Fernando Pessoa

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